13 março 2006

Hawking — uma breve história

E disse o neto orgulhoso do avô: “O vovô tem rodas”. William, 9 anos, foi diagnosticado como autista aos 3; seu avô, nascido em 8 de janeiro de 1942 (exatos 300 anos da morte de Galileu Galilei), convive com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica, ou mal de Lou Gehrig) quando a doença foi diagnosticada em 1963. Este prontuário médico familiar é um dos relatos da intimidade do físico e cosmólogo inglês Stephen Hawking que a autora Kristine Larsen, PhD em física e professora da Universidade Central de Connecticut, recolheu para pintar-lhe um retrato mais humano e menos midiático e científico. Seu esforço está em Stephen Hawking: Uma Biografia (A Girafa, 208 págs., R$ 33,50).
Hawking tornou-se um ícone pop a partir do livro de física teórica em linguagem popular que virou best-seller Uma Breve História do Tempo (1988). Sua imagem perenizada é a do homem imóvel na cadeira de rodas (desde 1969) com voz mecânica (desde 1985). Isso não o impede de levar a vida permitida a um portador de deficiência, neste caso com um pouco mais de holofotes. Hawking foi a talk shows, vai a palestras em universidades. O primeiro filme em que apareceu foi como projeção holográfica dele mesmo em Jornada nas Estrelas: A Nova Geração (1993); no ano seguinte gravou sua voz para a canção Keep Talking, do CD The Division Bell, do Pink Floyd; em 1999, dublou a si mesmo num episódio dos desenhos Futurama e Os Simpsons. Neste, diz para Homer Simpson que “sua idéia do universo em forma de rosquinha é interessante”. Ajudou a popularizar a física como embaixador da ciência, papel que coube a Carl Sagan antes dele.
Não são teorias sobre buracos negros ou singularidades nuas que interessam à autora. Há um glossário no fim do livro para ajudar o leitor a não se perder entre “mundos branas” e “supercordas”. Kristine mostra como Hawking se tornou um físico brilhante e celebridade, mas sobretudo enfoca sua vida em família, compilando textos de palestras, frases de livros e matérias de jornais, muitas das quais especularam sobre a intimidade de Hawking durante e após seu divórcio de Jane Wilde, casados de 65 a 95, com quem teve três filhos. A atual mulher é Elaine Mason.
A autora destaca o senso de humor do físico, capaz de rir de si mesmo e de provocar reações pouco amistosas. Quando ganhou um modelo novo de cadeira de rodas, comparou-a a uma Ferrari e acrescentou: “Vai manter minhas enfermeiras em forma, enquanto tentam me acompanhar”. Sobre ele, o teórico Leonard Susskind diz que é “de longe, a pessoa mais teimosa e irritante do universo”.
Hawking orgulha-se do neto, do qual incluiu uma foto no livro O Universo Numa Casca de Noz (2001). O sentido pode estar em uma de suas frases: “Sempre teremos o desafio de novas descobertas. Sem isso, estagnaríamos”.
Trecho
Stephen estava ocupado criando um projeto próprio. Depois do sucesso fenomenal de Uma Breve História do Tempo, ele fora procurado por um velho amigo, David Filkin, que tinha sido membro da equipe de remo em Oxford. Filkin era o diretor de ciência e especiais da BBC e propôs fazer uma série em vários capítulos sobre o trabalho de Hawking. Stephen deixou claro que estava cansado de programas do tipo ‘cérebro brilhante preso em um corpo aleijado’ que já haviam feito, e queria uma obra puramente científica.
A BBC, em colaboração com a televisão pública dos Estados Unidos, produziu seis capítulos. A série e um livro relacionado, ambos intitulados O Universo de Stephen Hawking, foram lançados em 1997. Hawking disse: ‘Se conseguirmos desparafusar o painel frontal do universo e olhar atrás dele, poderemos descobrir como funcionam as pequenas rodas e sentir que temos algum controle do que está acontecendo’. Em seu humor típico, acrescentou: ‘Felizmente não precisaremos remontar o universo’
Fonte:
Diário do Grande ABC

2 Comments:

At 11:44 AM, Anonymous Anônimo said...

Your website has a useful information for beginners like me.
»

 
At 3:52 AM, Anonymous Anônimo said...

Your site is on top of my favourites - Great work I like it.
»

 

Postar um comentário

<< Home