24 junho 2006

Células curam paralisia

Um passo importante para o tratamento da paralisia motora foi dado esta semana. Douglas Kerr, cientista da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, divulgou na terça-feira os resultados do trabalho da sua equipa: 14 ratos-fêmea foram submetidos durante seis meses a um tratamento que alia o transplante de células embrionárias e a implantação de substâncias químicas.
Dos 14 animais, onze conseguiram recuperar o movimento e a força das patas traseiras, até então paralisadas.

Através da injecção de células de embriões de ratos na medula lesionada, os cientistas conseguiram restaurar os neurónios motores, responsáveis pela realização de circuitos que enviam sinais eléctricos até aos músculos, para que estes sejam capazes de suportar o peso e o movimento das patas.
Para Kerr, o passo seguinte consiste em estender a aplicação deste tratamento aos porcos, animais próximos do ser humano, nomeadamente a nível orgânico.
Com o objectivo de encontrar a cura para doenças como a esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla, parkinson ou lesões na medula espinal, a equipa americana garantiu que estes procedimentos são um passo para a cura, uma boa notícia para os cerca de 156 000 portugueses com deficiência motora – de acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). Todavia, os cientistas americanos advertiram que serão necessários mais alguns anos até este tipo de tratamento poder ser aplicado em pessoas.
Elias Zerhouni, director do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, disse aos jornalistas que este trabalho “é um avanço notável para ajudar a entender o uso das células embrionárias no tratamento deste tipo de lesões. Ao mesmo tempo, salientou tratar-se de uma questão controversa, tendo em conta a posição do Executivo de George W. Bush – contrário, por motivos religiosos, a estas pesquisas. Zerhouni defende que Bush “deveria levantar o veto à investigação com células embrionárias humanas”.
Esta não é a primeira vez que a equipa de Douglas Kerr publica estudos neste sentido. Há três anos, os cientistas da Universidade de Johns Hopkins divulgaram os resultados de uma experiência com roedores paraplégicos que puderam recuperar alguma mobilidade nas patas traseiras. Kerr garante que, desta vez, os resultados foram melhores. “Este tratamento é diferente porque usámos células e outros factores desconhecidos até então. O projecto que divulgámos há três anos foi um passo prévio para o que agora conseguimos alcançar”, disse.
O neurocirugião português José Pratas Vital considera que esta é uma boa notícia para o tratamento daquelas doenças. Porém, não é o único. “Em todo o mundo, cientistas e investigadores têm andado a usar células embrionárias para resolver os problemas da medula espinal. Uns com êxito, outros nem por isso”, disse o especialista ao Correio da Manhã.
Em parceira com outros neurocirurgiões do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, Pratas Vital tem levado a cabo, desde há anos, uma investigação para o tratamento de paralisias motoras em seres humanos. “Nós usamos a mucosa olfactiva do próprio doente, que contém células semiembrionárias, durante a operação e implantamo-la directamente na medula”, explicou. Os resultados foram positivos: alguns doentes recuperaram a sensibilidade ou mesmo a mobilidade. “Já operámos cerca de 100 doentes e a maioria recuperou a sensibilidade ou o controlo da bexiga, a capacidade de se pôr em pé ou a própria mobilidade”, disse Pratas Vital.

REGENERAÇÃO DA LESÃO MUSCULAR
1- Para a obtenção de células-mãe pluripotenciais extraem-se células de um embrião congelado na fase inicial de desenvolvimento
2- As células são cultivadas durante uns dias em nutrientes
3- Injectam-se células-mãe embrionárias no rato paraplégico, em cada uma das zonas lesionadas da medula
4- 11 dos 15 ratos tratados recuperaram uma parte significativa da mobilidade.
Fonte: Correio da Manhã

1 Comments:

At 8:47 AM, Anonymous Anônimo said...

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