21 julho 2006

Veto a pesquisa com células-tronco reacende debate nos EUA

O veto do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, contra a ampliação da verba para as pesquisas com células-tronco embrionárias excedentes de tratamentos de fertilização in vitro reacendeu o debate nesta semana no país. De um lado, estão os que defendem suas possibilidades médicas e, de outro, os que questionam as implicações da possível destruição de vida humana.
A comunidade científica americana condenou na quarta-feira (19) o veto de Bush a uma lei aprovada pelo Congresso, destinada a aumentar os recursos federais para a pesquisa sobre células-tronco embrionárias. As células-tronco são células imaturas que podem ser comparadas a uma página em branco: têm a capacidade de se transformar em qualquer dos vários tipos de células que compõem os diferentes tecidos do corpo.
Essa faculdade as torna especialmente interessantes para os cientistas porque, se conseguirem controlar o mecanismo pelo qual se diferenciam, esse material poderia servir para reconstruir tecidos danificados. Embora estejam presentes genericamente em tecidos e indivíduos, as mais versáteis são as provenientes de embriões nos primeiros estágios de desenvolvimento.
Por isso, a idéia dos cientistas é extrai-las de embriões humanos e conseguir o domínio do mecanismo pelo qual se diferencial, aplicando em seguida esse conhecimento para criar tecidos e transplantá-los em pessoas com lesões musculares, ósseas, cerebrais, em outras partes do sistema nervoso ou em órgãos. O problema é que extrair a célula-tronco do embrião implica a sua destruição, o que é questionado por aqueles que consideram que a vida humana existe desde a fecundação.
Os embriões que os cientistas querem usar são os que sobram de tratamentos de fertilização in vitro, que são deixados pelos casais nas clínicas e podem, às vezes, ser doados e implantados em casais estéreis. Isso foi lembrado por Bush na quarta-feira, ao anunciar o veto, cercado de crianças e bebês nascidos da técnica de fertilização in vitro (os chamados bebês de proveta).
"Esses meninos e meninas não são peças de reposição, eles lembram o que se perde quando os embriões são destruídos em nome da pesquisa", disse Bush.
Defensores
Mas a comunidade científica e os defensores das pesquisas com células-tronco embrionárias destacam que a grande maioria desses embriões excedentes acabam destruídos e lembram seu benefício potencial para a cura de doenças.
"A grande maioria das pesquisas feitas há 25 anos mostram que as células-tronco embrionárias têm a capacidade de formar todos os tipos de tecidos do corpo humano", lembrou em seu site a Associação Americana de Biologia Celular (American Society for Cell Biology - ASCB). "Por isso a ASCB acredita que as pesquisas feitas com essas células oferecem um grande potencial para substituir células e órgãos danificados ou destruídos por doenças atualmente incuráveis", como o Alzheimer ou paraplegias causadas por acidentes.
Essas células-tronco embrionárias também "são úteis para a compreensão dos mecanismos das doenças e a criação de novos medicamentos", destacou a ASCB.
Segundo Ira Black, biólogo e diretor do Instituto de Células-tronco de Nova Jersey, a falta de recursos federais para a pesquisa "é muito grave". As conseqüências potenciais a longo prazo poderiam ser caras para a saúde do público americano, mas também para a economia do país, que não será competitiva neste setor, avaliou.
Para Martin Rees, presidente da Royal Society --academia de ciências do Reino Unido--, a política americana "está desacelerando o esforço mundial para desenvolver terapias para muitas doenças".
Fonte: Folha Online

1 Comments:

At 12:10 PM, Anonymous Anônimo said...

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