23 outubro 2006

Célula tronco pode provocar tumor no cérebro

Estudo em ratos com Parkinson mostrou riscos do transplante de células embrionárias.
Um estudo científico publicado ontem deu mais um alerta de que as promissoras células-tronco embrionárias ainda precisam ser encaradas com cuidado. Injetá-las no cérebro de pessoas com mal de Parkinson pode levar à formação de tumores, concluiu a pesquisa.
A equipe do cientista Steven Goldman, da Universidade do Centro Médico de Rochester, em Nova York, descobriu que as células-tronco humanas injetadas no cérebro de ratos se transformaram em células pré-tumorais. A equipe de Goldman publicou a descoberta na revista Nature Medicine.
Acredita-se que no futuro males hoje fatais possam ser curados com a aplicação de células-tronco embrionárias. Encontradas nos embriões, elas são capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. No caso de Parkinson, o objetivo é que se convertam em células nervosas, para substituir as danificadas, que deixaram de produzir dopamina (substância química das células nervosas relacionada à função motora). Em estágios avançados, a principal característica da doença é a paralisia física. Remédios podem retardar o avanço, mas não curar a doença.
Os cientistas de Nova York disseram que os transplantes conseguiram ajudar os ratos com uma doença equivalente a Parkinson, mas que algumas das células começaram a crescer de tal forma que acabariam se transformando em tumores.
Em algumas áreas do cérebro dos ratos, as células transplantadas não se transformaram em células nervosas que liberam dopamina. Começaram a se dividir de forma desordenada, o que potencialmente as transformaria em tumores. Os pesquisadores sacrificaram os animais antes que se soubesse, com certeza, se eles desenvolveriam câncer. Disseram que qualquer experimento parecido em humanos teria de ser feito com muita precaução.
Esse sempre foi um medo dos cientistas no uso de células-tronco embrionárias e é um dos argumentos dos inimigos das pesquisas com esse material, como o presidente dos EUA, George W. Bush. Dizem também que é imoral destruir um embrião - o que equivaleria a assassinato - para obter células-tronco.
Fonte: O Estado S.Paulo

Célula tronco pode provocar tumor no cérebro

Estudo em ratos com Parkinson mostrou riscos do transplante de células embrionárias
Um estudo científico publicado ontem deu mais um alerta de que as promissoras células-tronco embrionárias ainda precisam ser encaradas com cuidado. Injetá-las no cérebro de pessoas com mal de Parkinson pode levar à formação de tumores, concluiu a pesquisa.
A equipe do cientista Steven Goldman, da Universidade do Centro Médico de Rochester, em Nova York, descobriu que as células-tronco humanas injetadas no cérebro de ratos se transformaram em células pré-tumorais. A equipe de Goldman publicou a descoberta na revista Nature Medicine.
Acredita-se que no futuro males hoje fatais possam ser curados com a aplicação de células-tronco embrionárias. Encontradas nos embriões, elas são capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo. No caso de Parkinson, o objetivo é que se convertam em células nervosas, para substituir as danificadas, que deixaram de produzir dopamina (substância química das células nervosas relacionada à função motora). Em estágios avançados, a principal característica da doença é a paralisia física. Remédios podem retardar o avanço, mas não curar a doença.
Os cientistas de Nova York disseram que os transplantes conseguiram ajudar os ratos com uma doença equivalente a Parkinson, mas que algumas das células começaram a crescer de tal forma que acabariam se transformando em tumores.
Em algumas áreas do cérebro dos ratos, as células transplantadas não se transformaram em células nervosas que liberam dopamina. Começaram a se dividir de forma desordenada, o que potencialmente as transformaria em tumores. Os pesquisadores sacrificaram os animais antes que se soubesse, com certeza, se eles desenvolveriam câncer. Disseram que qualquer experimento parecido em humanos teria de ser feito com muita precaução.
Esse sempre foi um medo dos cientistas no uso de células-tronco embrionárias e é um dos argumentos dos inimigos das pesquisas com esse material, como o presidente dos EUA, George W. Bush. Dizem também que é imoral destruir um embrião - o que equivaleria a assassinato - para obter células-tronco.
Fonte: O Estado S.Paulo

21 outubro 2006

Muito além do tubo de ensaio

Muita gente ainda pensa que cientista é aquele “ser esquisito”, enfiado no laboratório, desligado ou desinteressado do mundo exterior.
Quanto aos geneticistas (como eu), é ainda muito pior: “Estão tentando clonar seres humanos, matando embriões, manipulando genes, interferindo no ambiente, tentando brincar de Deus!”. E, na realidade, não é nada disso.
Somos pessoas iguais a todo mundo: amamos, rimos, sofremos, gostamos de ir ao cinema, brincar, ter amigos... Temos interesse sobre que está na moda (mesmo que, muitas vezes, não tenhamos tempo para ir atrás!). Até gostamos de fofocar!
Mas, no lugar de querer saber quem está namorando quem, ficamos excitadíssimos ao descobrir, por exemplo, que quando a proteína X não interage com a Y, podemos ter uma doença muscular. Ou, quando possível, gostamos de participar das decisões políticas -- que podem afetar tanto as pesquisas quanto a nossa população.
O que nos move é uma enorme curiosidade de tentar entender os fenômenos biológicos que se passam o tempo todo no nosso corpo, a fim de descobrir coisas novas.
Essa tríade “curiosidade–fenômeno–possibilidade de descoberta” se torna um berçário de questões -- e são elas que nos motivam a pesquisar, dia após dia.
São dúvidas que, confesso a vocês, freqüentemente nos perseguem também à noite ou nos fins de semana. Trata-se de um processo sem fim; porque, a cada resposta, abre-se um leque de novos questionamentos.
É justamente esse o fascínio da pesquisa. Como geneticistas, queremos saber quantos genes temos, o que eles fazem, como interagem com o ambiente. No caso daqueles que trabalham diretamente com doenças (como eu), tentamos incansavelmente remeter nossas descobertas a um propósito maior: ajudar aqueles que sofrem. Lutar para melhorar sua qualidade de vida, procurar uma cura!
E vocês, leitores? Não gostariam de saber para que serve toda essa pesquisa? De compreender como os resultados desses novos avanços científicos, tão divulgados pela mídia (Projeto Genoma Humano, clonagem humana, terapia celular com células-tronco, seleção de embriões) irão afetar o nosso dia-a-dia?
Para que servem os bancos de cordão umbilical? Quais são suas aplicações médicas? E suas implicações éticas? Será que o Projeto Genoma Humano irá responder algumas perguntas que nos atormentam,como: por que ficamos doentes, engordamos, envelhecemos, morremos, reagimos diferentemente a medicamentos? Ou quanto os nossos genes influenciam a nossa personalidade e comportamento? Como funcionam a nossa memória, nossos sentimentos, nossas emoções?
E o mais importante: será possível, no futuro, manipular tudo isso?
Quais são os limites éticos? O que é verdade e o que é ficção?
Tempos atrás conheci uma jornalista francesa, Caroline Glorion, que me entrevistou sobre aspectos éticos relacionados aos avanços da genética.
- Quanto esses assuntos são debatidos em sociedade?
- Muito pouco, respondi.
Infelizmente estão restritos a ambientes acadêmicos...
Contudo, acho que todos deveriam participar.
Essa é exatamente a proposta dessa coluna. Relatar histórias de pacientes (vivenciadas durante o aconselhamento genético), que trazem questionamentos fundamentais: éticos, culturais, sociais, emocionais. Traduzir em linguagem acessível diversos assuntos científicos.
Queremos auxiliá-los a compreender melhor esse meio e suas respectivas incógnitas; bem como convidá-los a opinar, criticar, interagir conosco.
Mais que isso: buscamos principalmente estimulá-los e encorajá-los a participar de decisões políticas, que dizem respeito a todos nós: cidadãos. Mayana Zatz
Fonte: G1

18 outubro 2006

Células-tronco e o dilema ético

Há pouco mais de um mês, pesquisadores da Advanced Cell Technology anunciaram na revista Science terem desenvolvido técnica que seria capaz de criar colônias de células-tronco embrionárias sem que fosse necessário destruir o embrião. A destruição do embrião constitui a maior objeção ética apresentada ao desenvolvimento das pesquisas envolvendo células-tronco e suas aplicações práticas. Embora a referida técnica ainda não tenha sido confirmada por outros pesquisadores, a comprovação de sua eficácia poderá neutralizar o impasse ético e contribuir para o avanço da medicina regenerativa.
Para tanto, a própria Advanced Cell Technology anunciou, em 12 de setembro, ter celebrado um acordo com o WiCell Research Institute para que colônias de células-tronco — desenvolvidas através da nova técnica — sejam distribuídas a pesquisadores norte-americanos. A intenção é comprovar a utilidade destas células-tronco e convencer o Congresso estadunidense a rever a vedação de financiamento federal a pesquisas que as envolvam.
Em que pesem os recentes avanços das pesquisas com suas equivalentes adultas, o uso de células-tronco embrionárias parece ser o que admite escala de produção suficiente à viabilidade econômica de sua eventual utilização clínica no futuro.
O interesse econômico afeto ao tema é inquestionável: a possibilidade de patenteamento de técnicas de conversão de células-tronco para diferentes tecidos do corpo humano ou de sua utilização para a cura de doenças como Alzheimer, Parkinson, diabetes ou ainda lesões físicas irreversíveis torna clara a imensurabilidade dos lucros que daí possam advir.
A União Européia tem investido milhões na EuroStemCell, um consórcio comunitário voltado para a pesquisa sobre células-tronco com sede na Escócia e centros de desenvolvimento em Inglaterra, Japão, Austrália e Estados Unidos. Apesar da resistência de alguns países-membros, o financiamento público dessas pesquisas foi aprovado para o período de 2007 a 2013 e estará disponível para países onde tal prática é permitida. Nos Estados Unidos, não obstante o presidente Bush ter vetado o financiamento federal de pesquisas com células-tronco, a Califórnia, através da proposição nº 71, reservou US$ 300 milhões anuais, pelos próximos dez anos, para tais estudos.
Consultores da Bain & Company estimam que o mercado de terapias baseadas em células-tronco deverá girar em torno de US$ 100 milhões em 2010, podendo alcançar US$ 2 bilhões em 2015. O desenvolvimento de terapias contra diabetes e os males de Alzheimer e Parkinson tem sido uma demanda constante da indústria farmacêutica, podendo resultar em ampliação de mercado e vultuoso incremento nos lucros do setor. Com efeito, a geração de tecidos através de células-tronco tem tido resultados promissores. Pesquisa cardiológica realizada pelo hospital universitário Charité, de Berlim, demonstrou ser possível criar válvulas cardíacas sob medida com a utilização de células-tronco.
Investimentos em engenharia genética voltados para pesquisas sobre tecidos do coração só tendem a aumentar, pois os problemas decorrentes de insuficiência cardíaca consistem na principal causa de hospitalização e morte entre pacientes com mais de 65 anos.
No Brasil, as pesquisas com células-tronco, permitidas sob condições determinadas pela Lei Federal nº 11.105/2005, têm sido realizadas destacadamente pelos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que abrangem o Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto e o Centro de Estudos do Genoma Humano, em São Paulo. Empresas privadas do setor podem obter recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Investimentos privados, contudo, ainda se mostram insuficientes, desproporcionais ao interesse econômico representado pelo promissor mercado de terapias que se utilizam de células-tronco
Fonte: DCI

Células-tronco e o dilema ético

Há pouco mais de um mês, pesquisadores da Advanced Cell Technology anunciaram na revista Science terem desenvolvido técnica que seria capaz de criar colônias de células-tronco embrionárias sem que fosse necessário destruir o embrião. A destruição do embrião constitui a maior objeção ética apresentada ao desenvolvimento das pesquisas envolvendo células-tronco e suas aplicações práticas. Embora a referida técnica ainda não tenha sido confirmada por outros pesquisadores, a comprovação de sua eficácia poderá neutralizar o impasse ético e contribuir para o avanço da medicina regenerativa.
Para tanto, a própria Advanced Cell Technology anunciou, em 12 de setembro, ter celebrado um acordo com o WiCell Research Institute para que colônias de células-tronco — desenvolvidas através da nova técnica — sejam distribuídas a pesquisadores norte-americanos. A intenção é comprovar a utilidade destas células-tronco e convencer o Congresso estadunidense a rever a vedação de financiamento federal a pesquisas que as envolvam.
Em que pesem os recentes avanços das pesquisas com suas equivalentes adultas, o uso de células-tronco embrionárias parece ser o que admite escala de produção suficiente à viabilidade econômica de sua eventual utilização clínica no futuro.
O interesse econômico afeto ao tema é inquestionável: a possibilidade de patenteamento de técnicas de conversão de células-tronco para diferentes tecidos do corpo humano ou de sua utilização para a cura de doenças como Alzheimer, Parkinson, diabetes ou ainda lesões físicas irreversíveis torna clara a imensurabilidade dos lucros que daí possam advir.
A União Européia tem investido milhões na EuroStemCell, um consórcio comunitário voltado para a pesquisa sobre células-tronco com sede na Escócia e centros de desenvolvimento em Inglaterra, Japão, Austrália e Estados Unidos. Apesar da resistência de alguns países-membros, o financiamento público dessas pesquisas foi aprovado para o período de 2007 a 2013 e estará disponível para países onde tal prática é permitida. Nos Estados Unidos, não obstante o presidente Bush ter vetado o financiamento federal de pesquisas com células-tronco, a Califórnia, através da proposição nº 71, reservou US$ 300 milhões anuais, pelos próximos dez anos, para tais estudos.
Consultores da Bain & Company estimam que o mercado de terapias baseadas em células-tronco deverá girar em torno de US$ 100 milhões em 2010, podendo alcançar US$ 2 bilhões em 2015. O desenvolvimento de terapias contra diabetes e os males de Alzheimer e Parkinson tem sido uma demanda constante da indústria farmacêutica, podendo resultar em ampliação de mercado e vultuoso incremento nos lucros do setor. Com efeito, a geração de tecidos através de células-tronco tem tido resultados promissores. Pesquisa cardiológica realizada pelo hospital universitário Charité, de Berlim, demonstrou ser possível criar válvulas cardíacas sob medida com a utilização de células-tronco.
Investimentos em engenharia genética voltados para pesquisas sobre tecidos do coração só tendem a aumentar, pois os problemas decorrentes de insuficiência cardíaca consistem na principal causa de hospitalização e morte entre pacientes com mais de 65 anos.
No Brasil, as pesquisas com células-tronco, permitidas sob condições determinadas pela Lei Federal nº 11.105/2005, têm sido realizadas destacadamente pelos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, que abrangem o Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto e o Centro de Estudos do Genoma Humano, em São Paulo. Empresas privadas do setor podem obter recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Investimentos privados, contudo, ainda se mostram insuficientes, desproporcionais ao interesse econômico representado pelo promissor mercado de terapias que se utilizam de células-tronco.
Fonte: DCI

17 outubro 2006

Esclerose múltipla pode ter origem dupla

O cérebro dos mamíferos surpreende mais uma vez. Testes feitos em roedores nos laboratórios da Unicamp abriram um novo caminho para o entendimento das causas da esclerose múltipla, doença neurodegenerativa rara que atinge 1,5 milhão de pessoas no mundo (30 mil no Brasil). O principal fator suspeito de causar os surtos da doença pode não ser o primeiro que deve ser realmente atacado pela medicina.
Esclerose múltipla é uma doença inflamatória do sistema nervoso central. O paciente apresenta surtos ao longo do tempo. A principal dificuldade é a perda da coordenação motora. O mal tem caráter auto-imune, ou seja, o próprio sistema de defesa do organismo é o causador do problema.
Até hoje, todos os estudos indicavam que a falta de mielina (membrana especial que reveste determinados neurônios) desencadeava os distúrbios. É como se os fios (neurônios) do sistema nervoso estivessem desencapados. Os impulsos elétricos não fluem naturalmente e as informações que trafegam no cérebro são perdidas.
"A desmielinização é um fator importante para o aparecimento da esclerose múltipla. O que conseguimos demonstrar é que existe um outro mecanismo mais importante para o surgimento dos surtos", explicou à Folha Alexandre Oliveira, professor do Departamento de Anatomia da Unicamp. Os resultados produzidos em Campinas serão publicados, nos próximos meses, no "European Journal of Neuroscience" (www.blackwell-synergy.com/loi/EJN).
O trabalho com ratos revela que os disjuntores do cérebro --as sinapses, pontos de contato dos neurônios, onde a informação é transmitida de uma célula a outra-- não podem ficar desligados. Se isso ocorrer, aparece um surto da doença.
Em outras palavras, a equipe da Unicamp mostrou que não adianta arrumar a fiação --onde se concentram hoje as buscas por um tratamento-- e deixar os disjuntores defeituosos funcionando. Por outro lado, se eles estiverem todos ligados, mesmo com fios desencapados, a informação será transmitida, ainda que precariamente.
"É por isso que, quando as sinapses voltam a funcionar, mesmo com a presença da desmielização, o paciente pode ter recuperado os sintomas da doença". Em humanos, segundo o pesquisador, exames de ressonância magnética costumam mostrar a falta de mielina em trechos do sistema nervoso, mesmo com o paciente tendo recobrado as funções motoras.
Lacuna preenchida
O comportamento dos neurônios nas fases de aparecimento e retorno dos surtos da esclerose múltipla, o que é chamado de plasticidade sináptica, explica melhor, segundo Oliveira, o ritmo da doença.
"Havia uma lacuna. Mas a plasticidade parece ser o fator determinante para o desligamento dos circuitos nervosos durante o curso da esclerose múltipla". A explicação vale para o retorno dos surtos. Quando as sinapses voltam a funcionar --ninguém sabe ainda por quê--, os sintomas somem. "Não há uma correlação direta entre remielinização e melhora do quadro, por isso que essa outra via parece mais viável", diz.
Apesar dos estudos serem experimentais, quem continuar nesse percurso aberto na Unicamp poderá ter bons resultados. "A descoberta permite desenvolver estratégias de preservação dos circuitos nervosos. Assim, seria possível controlar melhor a esclerose múltipla, independente da reação auto-imune", explica Oliveira.
Fonte: Folha Online

16 outubro 2006

Acupuntura pode tratar inúmeras doenças, diz estudo

A acupuntura chinesa pode tratar 461 doenças, a maioria delas relacionada ao sistema nervoso, segundo uma pesquisa realizada por especialistas do país oriental e publicada hoje pelo jornal oficial China Daily.
O doutor du Yuanhao, do Centro de Pesquisa de Acupuntura Chinesa de Tianjin, afirmou que a maioria das doenças nas quais esta prática é eficaz está relacionada com o sistema nervoso, o digestivo, o genitourinário, os músculos, os ossos e a pele.
Concretamente, doenças como a apoplexia, a diarréia, a enterites, a demência e as brotoejas cutâneas podem ser tratadas pela acupuntura.
Os pontos fundamentais desta prática se encontram na pele e por isso o tratamento pode ser eficaz em doenças musculares e dermatológicas, explica du, de 43 anos.
"Além disso, por estes pontos transcorrem numerosas terminações nervosas, o que pode levar à cura de doenças do sistema nervoso e outras cujas funções são controladas pelos nervos", acrescentou.
No entanto, a acupuntura não é eficaz contra todas as doenças, embora seja mais fácil de lidar em comparação com outros tratamentos, segundo o especialista.
O responsável pelo estudo trabalha agora na classificação destas 461 doenças. "Vou criar três categorias: as que podem ser curadas apenas mediante a acupuntura, aquelas para as quais a acupuntura é o tratamento principal e as doenças nas quais a acupuntura pode ajudar".
A acupuntura faz parte da medicina tradicional chinesa, uma prática que conta com dois mil anos de vida, e consiste na inserção de agulhas metálicas na pele para aliviar a dor e tratar doenças.
Fonte: EFE

14 outubro 2006

Pesquisadores levam críticas ao governo

Na luta contra a burocracia, eles se unem e levam ao MCT propostas para facilitar importação de insumos no País
Há anos a novela da ciência brasileira é a mesma. Pesquisadores atolados em papelada e burocracia não conseguem importar material científico e acabam tendo de ou adaptar seus estudos ou criar artimanhas para trazer os insumos necessários. Agora a categoria resolveu se unir para apontar onde estão os entraves e apresentar propostas de solução ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Um grupo liderado pela geneticista Mayana Zatz, pró-reitora de Pesquisa da Universidade de São Paulo, entregou um documento ao ministro Sérgio Rezende com a compilação de queixas de cerca de cem pesquisadores. O texto aponta três problemas principais: desconhecimento por parte deles sobre qual o procedimento para importar, custos e impostos elevados e excesso de burocracia, o campeão de queixas.
'Temos cientistas excelentes no Brasil, mas não conseguimos ser competitivos. Se lá fora eles conseguem começar uma pesquisa dias após terem uma idéia, aqui levamos meses, às vezes anos', queixa-se Mayana.
É o que aconteceu, por exemplo, com Gabriela Filoso Barnabé, de 25 anos, que está há três anos tentando trazer 26 ratos geneticamente modificados para sua pesquisa de doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre esclerose lateral amiotrófica.
Os animais já foram pagos (custaram US$ 5 mil), mas até agora, nada. Uma série de greves da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal, e outros entraves, impediram que os animais inclusive saíssem dos EUA, onde são produzidos. E a pesquisadora está de mãos atadas.
'Quando eu comecei, pouca gente estudava isso. Agora, várias idéias minhas já foram postas em prática por outros pesquisadores. Isso é um desperdício intelectual', reclama. Seu orientador, Luiz Eugênio Mello, pró-reitor de Graduação da Unifesp, já teve de explicar no Banco Central por que ele fez a remessa do dinheiro. 'Como não recebemos nada, fica parecendo malandragem. A gente tem de acender vela para todos os santos e ainda ficar explicando que não é ladrão.'
Para tentar agilizar as importações, Mayana propõe um cadastramento de pesquisadores no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de modo que quem estiver na lista possa pular etapas burocráticas para trazer os insumos. 'O pesquisador pode se responsabilizar pelo que importa. Só pedimos um voto de confiança.' Ela sugere ainda que se crie um carimbo com os dizeres: material de pesquisa, liberar em 48 horas.
'CADA UM PROÍBE DE UM LADO'
As reivindicações dos cientistas estão agora nas mãos de Luiz Antônio Barreto de Castro, secretário de Política e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCT, que tem organizado reuniões com os diversos órgãos envolvidos: Anvisa, Receita Federal, Ministério da Agricultura e Ibama. 'A lei 8.010, de 1990, regulamenta as importações, mas ela não levava em consideração situações como vaca louca, gripe aviária, organismos geneticamente modificados. Nem a Anvisa existia. São coisas que surgiram depois e que recrudesceram o processo', explica. 'Hoje não há articulação entre os órgãos, cada um proíbe de um lado. Estamos tentando fazer com que todos conversem na mesma língua.'
O ministro Rezende concorda e promete agilidade: 'Como não depende de lei, só de portarias, não há nenhuma razão para não resolvermos até dezembro'. Para os pesquisadores, já é um alívio que o MCT esteja afinado com as queixas, mas só boa vontade não basta. 'Precisamos identificar onde está o nó para desatá-lo', afirma Steven Rehen, presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências, que organizou um levantamento paralelo ao de Mayana. Ele passou um questionário a cerca de 50 pesquisadores e concluiu que a maioria (64%) leva no mínimo seis meses para receber os insumos. 'Só que nesse intervalo, o reagente pode estragar, as células podem morrer, a máquina pode ficar obsoleta.'
Sem contar o dinheiro perdido. Rehen passou por isso. Ele recebeu, via CNPq, uma verba de R$ 40 mil para comprar um equipamento, mas gastou quase R$ 10 mil para conseguir tirá-lo da alfândega. 'O governo me dá dinheiro para a pesquisa, mas pega de volta em forma de impostos e desembaraço. É menos verba para a pesquisa.'
Fonte: O Estado S.Paulo

11 outubro 2006

Trabalho com participação de brasileiros dá pistas importantes sobre como neurotransmissor altera ciclo do sono

Um artigo publicado hoje pelo jornal da sociedade americana de neurociências, com a colaboração de pesquisadores brasileiros, aponta novo rumo para as pesquisas sobre mal de Parkinson e esquizofrenia. O estudo demonstra que escassez e excesso de um neurotransmissor, a dopamina, alteram profundamente o ciclo do sono de camundongos e produzem quadros neurológicos semelhantes aos apresentados por pessoas que sofrem das duas doenças.
Realizada na Universidade Duke, nos EUA, no laboratório do brasileiro Miguel Nicolelis, a pesquisa foi encabeçada pelo ganês Kafui Dzirasa e contou com a participação do próprio Nicolelis e de outros sete cientistas, entre os quais os também brasileiros Sidarta Ribeiro e Lucas Santos.
O estudo foi feito com camundongos transgênicos em que é possível regular a produção e a concentração da dopamina. A falta do neurotransmissor interrompia o ciclo do sono dos animais e os deixava aparentemente despertos, em estado de tensão muscular paralisante. O cérebro trabalhava como se estivesse entre a vigília e o sono de ondas lentas, fase do repouso em que não ocorrem sonhos. Sintomas e padrão de funcionamento cerebral semelhantes aos apresentados por quem sofre do mal de Parkinson.
Já a abundância de dopamina induzia um estado de excitação em que a atividade dos neurônios passava a ser como um meio termo entre o estado de vigília e a fase REM (sigla em inglês para 'movimento rápido dos olhos'), período do sono em que o cérebro entra em intensa atividade e ocorrem os sonhos. É como se os dois estados se sobrepusessem.
Nesse caso, os camundongos adotavam comportamentos análogos aos psicóticos - como ficar hiperagitados e correr sem parar quando expostos a alguma novidade, como um ambiente desconhecido.
Neurocientista de prestígio internacional, Nicolelis adquiriu notoriedade no Brasil ao propor e liderar o projeto do Instituto Internacional de Neurociências de Natal (IINN), que está sendo construído no Rio Grande do Norte.
'Derrubamos um dogma da neurociência ao mostrar que a dopamina desempenha um papel fundamental para o ciclo sono-vigília', declara Sidarta Ribeiro, que trabalha com Nicolelis há seis anos e hoje é o coordenador de pesquisas do IINN.
Até agora, predominava a idéia de que, entre os principais neurotransmissores, a dopamina seria o menos relacionado ao sono uma vez que, ao contrário dos demais, sua quantidade no cérebro permanece praticamente inalterada quando se adormece.
Outra novidade que o artigo anuncia é a possibilidade de ver distúrbios tão distintos quanto Parkinson e esquizofrenia como dois extremos de um mesmo fenômeno, determinado pela quantidade de dopamina no cérebro.
Isso não significa, frisa Ribeiro, reduzir toda a complexidade de uma psicose a dosagens de um neurotransmissor. 'Abriu-se um novo caminho para a compreensão de distúrbios neurológicos e mentais, que poderá inclusive dar origem a novos tratamentos, mas sabemos que doenças como a esquizofrenia estão relacionadas a múltiplos outros fatores.'
SONHANDO ACORDADO
Um dos responsáveis pelo recente retorno de Sigmund Freud ao contexto das neurociências, Ribeiro celebra mais uma evidência de que as idéias do criador da psicanálise ajudam a vislumbrar processos cerebrais com muito mais nitidez do que a maioria dos biólogos e médicos imagina: 'Freud associava as psicoses aos sonhos. Mas desde os anos 50, repete-se que ele teria cometido um equívoco fundamental quanto à natureza das psicoses. Agora vemos que, na verdade, dopamina, sono, sonho e psicose estão intimamente relacionados. Isso permite interpretar as alucinações da esquizofrenia como sonhos deflagrados durante a vigília.'
Marco Antonio Prado, do Programa de Pós-Graduação em Farmacologia Molecular da Universidade Federal de Minas Gerais, diz que o estudo do grupo de Nicolelis pode ser o primeiro passo para novos meios de diagnóstico capazes de identificar o mal de Parkinson muito antes da fase em que surgem os problemas motores. 'Isso poderá propiciar pelo menos que se retardem e amenizem os sintomas.'
Fonte: O Estado S.Paulo

Pesquisa lidera estudo sobre doença neurológica

Cientistas do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, lideram pesquisa sobre implantes de eletrodos no cérebro para o combate de doenças neurológicas.
Um artigo publicado hoje pelo jornal da Sociedade Americana de Neurociências, com a colaboração de pesquisadores brasileiros, aponta um novo rumo para as pesquisas sobre mal de Parkinson e esquizofrenia.
O estudo demonstra que a escassez e o excesso de um neurotransmissor, a dopamina, alteram profundamente o ciclo do sono de camundongos e produzem quadros neurológicos semelhantes aos apresentados por pessoas que sofrem das duas doenças.

Pesquisa lidera estudo sobre doença neurológica

Cientistas do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, lideram pesquisa sobre implantes de eletrodos no cérebro para o combate de doenças neurológicas.
Um artigo publicado hoje pelo jornal da Sociedade Americana de Neurociências, com a colaboração de pesquisadores brasileiros, aponta um novo rumo para as pesquisas sobre mal de Parkinson e esquizofrenia.
O estudo demonstra que a escassez e o excesso de um neurotransmissor, a dopamina, alteram profundamente o ciclo do sono de camundongos e produzem quadros neurológicos semelhantes aos apresentados por pessoas que sofrem das duas doenças.

06 outubro 2006

Cientistas descobrem gatilho de demência

Proteína defeituosa está ligada à esclerose lateral amiotrófica
Mais um passo foi dado para que os cientistas entendam o mecanismo por trás da esclerose lateral amiotrófica, uma das principais causas de demência até os 65 anos, logo após o mal de Alzheimer. Um estudo feito na Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, identificou a acumulação anormal de uma proteína defeituosa nos neurônios de pacientes.
Os pesquisadores analisaram o tecido cerebral de 72 pessoas diagnosticadas com a doença e com um tipo de demência frontotemporal, após sua morte. Todos tinham a proteína TDP-43 em excesso.
Foram estudadas regiões do cérebro que sabidamente são afetadas por esses tipos de demência: hipocampo, neocórtex e medula espinhal. Os detalhes da investigação estão publicados na edição de hoje da revista americana Science (www.sciencemag.org).
A esclerose lateral amiotrófica provoca problemas motores e respiratórios. A demência frontotemporal, como o próprio nome diz, ataca a parte frontal e os lóbulos temporais do cérebro, áreas que controlam o comportamento, as emoções e a linguagem. Não à toa os sintomas iniciais incluem descontrole dos impulsos, como comer e fazer sexo - o que pode causar constrangimento para o paciente e familiares e levar o caso a ser escondido ou mal diagnosticado.
A descoberta abre novos caminhos para a ciência compreender a origem dessas doenças e buscar novos tratamentos mais eficazes. Também firma a relação de causa e efeito entre a proteína TDP-43 e as patologias.
AVANÇO
Proteínas danificadas, como a TDP-43, são gatilhos comuns em doenças neurodegenerativas. Num quadro saudável, elas seriam marcadas por outra proteína, a ubiquitina, para serem degradadas pelo corpo, uma vez que não possuem o desenho correto. Mas, em pessoas que desenvolvem a doença, alguma coisa dá errado e as proteínas marcadas se grudam progressivamente a células do cérebro e da medula espinhal, como lixo que se acumula e se torna tóxico.
Uma série de proteínas problemáticas foi identificada e é alvo para o desenvolvimento de medicamentos. Porém, esta é a primeira ligação clara entre a TDP-43 defeituosa e a esclerose lateral amiotrófica. 'É fascinante termos finalmente estabelecido um vínculo entre a demência e uma doença neurológica motora', diz Virginia Lee, líder da pesquisa e diretora do Centro de Pesquisa de Doenças Neurodegenerativas da universidade.
O trabalho engrossa evidências de outros grupos de pesquisa, que estudam, por exemplo, se o gene responsável pela TDP-43 passa por mutações que dão origem ao problema. Como afirma o neurobiólogo Michael Hutton, da Clínica Mayo, em um artigo publicado na mesma Science, os cientistas agora têm de 'juntar os pontos'.
Fonte: O Estado S.Paulo

Cientistas querem criar embrião híbrido de coelho e humano

Três equipes de cientistas britânicos solicitaram neste mês permissão às autoridades para fundir células humanas com óvulos de animais, experiência que pode permitir no futuro um tratamento para algumas doenças neurológicas que atualmente não têm cura. Os cientistas pretendem criar embriões que serão 99,9% humanos e 0,1% de coelha ou de vaca.
As três equipes, de Londres, Edimburgo e Newcastle, apresentarão as solicitações simultaneamente à Autoridade para a Fertilização Humana e a Embriologia do Reino Unido, segundo a edição desta quinta-feira do jornal britânico "The Guardian".
Com as permissões, os especialistas poderão extrair os núcleos dos óvulos animais e substituí-los por células humanas, o que produzirá embriões que contêm material completo de genes humanos, mais dezenas de genes de animais dentro das mitocôndrias, produtoras de energia.
A equipe dirigida por Ian Wilmut, da Universidade de Edimburgo --que criou a ovelha Dolly--, e a de Stephen Minger, do King's College, de Londres, querem utilizar os embriões para criar células-tronco portadoras dos defeitos genéticos responsáveis pelas doenças neurológicas.
Transformando essas células em neurônios, os especialistas acreditam poder determinar o processo através do qual esses tipos de doenças degenerativas destroem os nervos, além de encontrar remédios capazes de freá-lo ou até revertê-lo. A equipe de Newcastle também quer analisar como eles conseguem "reprogramar" os tecidos adultos para transformá-los em células mais primitivas.
Se os experimentos forem bem-sucedidos, os cientistas poderiam pegar células de um paciente e transformá-las em outro tipo de tecido como células renais, o que permitiria realizar transplantes sem risco de rejeição.
Se a experiência for liberada, afirma o "The Guardian", as equipes permitirão que os embriões cresçam por no máximo 14 dias, momento em que serão uma massa de células do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Fonte: Olha Online

05 outubro 2006

Fundação oferece US$ 10 milhões para quem decodificar genomas

Organizadores do prêmio dizem que a rapidez no seqüenciamento genético é o próximo grande desafio da ciência
WASHINGTON - A fundação americana X-Prize está oferecendo um prêmio de US$ 10 milhões para a primeira equipe de cientistas que conseguir decodificar cem genomas humanos em dez dias.
Batizado de Archon X-Prize for Genomics, o prêmio foi apresentado como o maior já dedicado à comunidade médica.
Os organizadores do prêmio dizem que a rapidez no seqüenciamento genético é o próximo grande desafio da ciência, que deverá dar início a uma nova era da medicina personalizada, permitindo que médicos determinem a suscetibilidade dos pacientes a problemas de saúde, além de estabelecerem a origem genética de doenças como o câncer e o mal de Alzheimer.
Este é o segundo grande desafio proposto pela fundação, que em 2004 ofereceu US$ 10 milhões aos primeiros que conseguissem enviar uma nave particular ao espaço. A instituição acabou premiando a equipe responsável pelo lançamento da nave espacial SpaceShipOne.
Atualmente a decodificação do genoma de um indivíduo leva vários meses e custa milhões de dólares.
Bando de dados
Testes de determinados genes já estão ajudando médicos a selecionar tratamentos e terapias específicos para pacientes.
Cientistas dizem, entretanto, que os verdadeiros benefícios para a humanidade só se concretizarão quando houver uma amostragem muito maior de informações genéticas para ajudar a decifrar os aspectos hereditários e ambientais da doença.
"Nós precisamos de um banco de dados com milhões de genomas humanos para nos ajudar a decifrar completamente o que é natureza e o que é resultado da influência do ambiente na existência humana", disse Craig Venter, um dos cientistas por trás do primeiro seqüenciamento do código genético humano.
Ainda assim, como a própria fundação reconhece, essa área de pesquisa é potencialmente polêmica, por causa das implicações legais, éticas e sociais que envolve.
As preocupações com invasão de privacidade e possibilidade de discriminação baseada nas características genéticas de uma pessoa já estariam freando o ritmo de pesquisas na área.
Debate
O diretor do Instituto de Pesquisas do Genoma Humano, Francis Collins, defende que é preciso assegurar proteções às pessoas e que, para tanto, o debate sobre as políticas a serem adotadas deve envolver a sociedade.
Quase três anos atrás, o Senado americano aprovou uma legislação proibindo expressamente empregadores e seguradoras de discriminar pessoas com base nos resultados de testes genéticos.
Mas a lei está atualmente parada na Câmara dos Representantes e há esperanças de que o X-Prize ajude no seu avanço.
Pelas regras da competição, o time que vencer será pago para mapear as seqüências genéticas do "Genoma 100" - um grupo de celebridades, benfeitores e representantes do público.
O grupo já inclui Stephen Hawking, o apresentador da CNN Larry King e Anousheh Ansari, a primeira turista espacial mulher, cuja família financiou o primeiro prêmio oferecido pela X-Prize, para a nave particular.
Por causa do êxito do prêmio original, a fundação pretende lançar dois prêmios por ano. O próximo lançamento está previsto para o início de 2007.
A fundação se apresenta como um instituto educativo sem fins lucrativos voltado para proporcionar "conquistas radicais nas áreas do espaço e da tecnologia para o benefício da humanidade".
O principal patrocinador do prêmio Archon X-Prize for Genomics foi a empresa Archon Minerals, cujo presidente, Stewart Blusson, fez uma doação milionária.
Estão escritos no DNA entre 20 mil e 25 mil genes, que as células humanas usam como bases para produzir proteínas. São essas complexas moléculas que compõem e mantêm os nossos corpos.
Fonte: Estadao

04 outubro 2006

Medicamentos e doenças

Banco de dados acaba de ser criado
Um banco de dados com as assinaturas genéticas de medicamentos e seus efeitos no organismo humano acaba de ser anunciado por um grupo de pesquisadores de diversas instituições dos Estados Unidos. A novidade, que começa com mais de 160 drogas, pode ser usada para descobrir aplicações potenciais de novas substâncias em doenças como o câncer.
O mapa genético, de acesso público, está descrito na edição de 29 de setembro da revista Science. No artigo, os autores relatam a montagem do extenso catálogo de informações a respeito de como as substâncias analisadas afetam células sadias e doentes. O projeto leva o nome de Mapa de Conectividade, pela proposta de estabelecer conexões entre drogas, genes e doenças.
Um grande desafio na medicina é relacionar cada doença humana com substâncias químicas que possam tratá-la efetivamente, entendendo a base molecular de cada efeito. Com o novo mapa, essas conexões poderão ser melhor entendidas.
O objetivo do projeto é compilar assinaturas genéticas das células do organismo humano em vários estados diferentes. Com isso, um pesquisador que esteja analisando o possível uso de um medicamento em determinado caso clínico pode inserir a assinatura dessa substância no banco de dados e verificar seus possíveis efeitos.
"O Mapa de Conectividade funciona como a busca do Google, só que para descobrir conexões entre drogas e doenças. Essas ligações são reconhecidamente difíceis de encontrar, em grande parte porque drogas e doenças costumam ser caracterizadas em linguagens científicas completamente diferentes", disse Todd Golub, diretor do Programa de Câncer do Instituto Broad.
Formado por uma parceria entre o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Harvard, o Instituto Broad coordenou o projeto do mapa. Entre outras instituições participantes estão o Instituto Médico Howard Hughes, o Centro de Pesquisa em Genética Humana e o Instituto Whitehead de Pesquisa Biomédica.
Para construir a primeira parte do banco de dados, a equipe coordenada por Justin Lamb, do Instituto Broad, colheu perfis de expressão genética de cultura de células tratadas com pequenas moléculas bioativas. Entre elas estavam componentes de medicamentos usados no tratamento de doenças.
Os cientistas também coletaram assinaturas genéticas de células afetadas por condições diversas como obesidade, Alzheimer e leucemia. Em seguida, foram feitas em um programa de computador comparações entre as assinaturas de todas as drogas e dessas com as assinaturas das doenças.
As análises confirmaram aplicações conhecidas das drogas e identificados novos usos potenciais. Com o Mapa de Conectividade, os cientistas identificaram, entre outros, mecanismos de funcionamento de um novo candidato para câncer de próstata. Verificaram também que certas substâncias usadas para determinadas doenças poderiam ser úteis no tratamento de outros problemas.
Fonte: Agência FAPESP
Mapa da Conectividade: www.broad.mit.edu/cmap

02 outubro 2006

Cientistas clonam ratos sem usar células-tronco

Cientistas da universidade norte-americana de Pittsburgh conseguiram clonar dois ratos a partir de células sangüíneas retiradas de um animal adulto, mostrando que o processo de clonagem não tem que partir necessariamente de células-tronco.
As células-tronco são células imaturas, capazes de se transformar em outros tipos de células que compõem tecidos e órgãos. Elas podem ser embrionárias, encontradas em embriões ou em tecido fetal, ou adultas, ainda sem função específica mas encontradas em tecidos especializados de animais adultos, como pele, medula óssea, intestino e outros.
Até agora, acreditava-se que quanto menos madura a célula, mais fácil seria reprogramá-la para que tivesse outras funções.
Mas a pesquisa feita nos Estados Unidos e publicada na revista Nature Genetics defende que células maduras e diferenciadas, ou seja, com função especializada no corpo, podem ser bastante eficientes se usadas para se criar um clone.
Processo
O processo de clonagem consiste em criar um embrião retirando o núcleo de uma célula e colocando este material genético num óvulo não-fertilizado que teve o seu material genético removido.
O embrião que resulta desta operação é uma cópia genética exata da célula do animal ou pessoa que doou o núcleo.
O estudo realizado na Universidade de Pittsburgh usou células sangüíneas chamadas leucócitos granulócitos em vários estágios de desenvolvimento - desde células-tronco até células totalmente maduras - para ver qual seria a melhor na criação de clones de ratos.
Entre 35 e 39% dos granulócitos maduros se transformaram em embriões em estágio inicial, chamados blastocistos.
Quando células-tronco adultas foram usadas, apenas 4% produziram blastocistos.
Além disso, só os granulócitos completamente maduros foram capazes de gerar dois filhotes de rato clonados, apesar de ambos terem morrido algumas horas depois do nascimento.
Células-tronco embrionárias
Para checar os resultados obtidos, os pesquisadores tentaram ainda criar clones usando células-tronco embrionárias, tiradas de blastocistos.
Quase 50% delas se tornaram embriões e 18 ratos clonados nasceram vivos.
No entanto, o uso de células-tronco embrionárias é controverso, já que os críticos defendem que qualquer embrião - seja ele criado em laboratório ou não - tem o potencial de se transformar em um ser humano, o que tornaria os experimentos condenáveis moralmente.
A nova técnica desenvolvida pela equipe liderada pelo professor Tao Cheng nos Estados Unidos pode ser uma alternativa viável a esse procedimento.
Cheng afirma que seu estudo provou que não há vantagem alguma em usar células-tronco adultas em vez de outros tipos de células maduras.
"Podemos dizer com quase 100% de certeza que células como os granulócitos mantêm a capacidade genética de funcionar como uma semente, que pode gerar todos os tipos de células necessárias para desenvolver um organismo inteiro", diz ele.
Humanos
O especialista em células-tronco do King's College London Stephen Minger se disse surpreso com os resultados do estudo americano.
"Até agora pensava-se que quanto menos madura a célula, mais fácil seria reprogramá-la. Este trabalho sugere o contrário. Alguns tipos de células maduras podem ser mais fáceis de se reprogramar que o esperado", disse ele.
"Mas claro que isso só foi testado com ratos e pode haver grandes diferenças quando se trata de humanos. Seria interessante ver se o mesmo acontece com células humanas."
A pesquisa americana aumenta as esperanças de que este tipo de procedimento seja usado na cura de doenças.
Defensores da "clonagem terapêutica" querem algum dia poder retirar uma única célula de uma pessoa adulta e criar, a partir dela, tecidos e órgãos para transplantes.
Fonte: BBCBrasil